Mais de 500 crianças, com até 5 anos, viram as portas de 12 creches comunitárias fecharem nos últimos quatro anos em Nova Iguaçu. No Jardim Guandu, bairro onde o censo do IBGE de 2010 registrou 1.558 crianças com até 5 anos, as únicas duas creches encerraram as atividades em 2009.
Ex-monitora de creche, Alessandra dos Santos, de 31 anos, abandonou o emprego para cuidar dos dois filhos, de 3 e 6 anos, depois de as instituições fecharem. Sem condições de pagar R$ 250, por criança, a uma babá, ela preferiu ser dona de casa.
— Era impossível deixar os meus filhos sozinhos. Não tive outra opção — desabafa.
Segundo o Núcleo de Creches e Pré-Escolas Comunitárias da Baixada Fluminense (Nucrep), somente no entor$da Avenida Abílio Augusto Távora, nove creches teriam fechado desde 2008, incluindo as duas do Jardim Guandu. Os motivos vão desde má-gestão até falta de recursos.
Na casa de Patrícia de Souza, de 26 anos, a falta de creche no Guandu impediu que ela pudesse trabalhar num salão como manicure.
Mãe de três crianças, com idades entre 3 e 7 anos, Patrícia atende clientes em casa, mas admite que o ganho poderia ser o dobro se trabalhasse em local apropriado. O filho mais velho, Pablo, chegou a frequentar uma das instituições do bairro.
— Há três anos, parei de trabalhar fora. Não tenho condições de pagar para alguém ficar com eles, e a creche comunitária mais próxima fica a dois bairros de distância, a cerca de uma hora de caminhada — explica.
No bairro Andrade Araújo, três instituições foram municipalizadas em 2009, porque os administradores alegaram não ter condições de se manter. Hoje, apenas uma existe e atende a 126 crianças.
Exemplo de creche comunitária, a Carlos Martins funcionou durante 24 anos no prédio da Paróquia Santa Rita de Cássia do Cruzeiro do Sul. Porém, com os constantes atrasos no repasse de verba, a paróquia repassou o $para a prefeitura.
Após o fechamento da creche, em dezembro de 2009, a servente de escola Célia da Silva, de 60 anos, conseguiu matricular o neto Alexandre Santos, no jardim de uma escola municipal. O garoto estudava apenas meio período, e, no restante do dia, ficava no trabalho da avó. Atualmente, o prédio que abrigava a Carlos Martins atende alunos da catequese da paróquia aos sábados.
Através de sua assessoria de imprensa, a Secretaria de Educação de Nova Iguaçu alegou que uma das creches do Jardim Guandu oficializou, em 2009, a desistência do convênio porque estava em processo de reestruturação administrativa. Já a outra instituição do bairro, explicou a secretaria, teve convênio com a prefeitura entre 2006 e 2007.
Para a região da Avenida Abílio Augusto Távora, estão sendo construídas cinco unidades escolares de educação infantil. No entanto, de acordo com as autoridades municipais, ainda não há previsão de início das aulas e, tampouco, de quantas vagas serão abertas para as crianças nestas unidades.
A secretaria garantiu ter criado 6.743 vagas de educação infantil desde 2009. Ao todo, 87 escolas municipais oferecem parte destas vagas. Outras 17 instituições são apenas para crianças de 2 a 5 anos, mas cada uma atende numa única faixa etária.
A secretaria informou ainda que a Creche Nossa Senhora da Luz, citada na matéria publicada ontem, está com o prédio interditado porque oferecia risco às crianças. Uma comissão da Secretaria de Educação esteve no local para a aprovação do espaço paroquial onde hoje estão as 46 crianças da instituição.
Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/baixada-fluminense/por-falta-de-recursos-12-creches-foram-obrigadas-encerrar-suas-atividades-em-nova-iguacu-4857511.html#ixzz1uSd9eG42
Nenhum comentário:
Postar um comentário